NOTÍCIAS
13/07/2016
Variados
BÚFALOS ROUBAM A CENA EM MEIO AOS ENCANTOS DO VERÃO MARAJOARA
 

Um pedaço enorme de terra, com mais de 40 mil quilômetros quadrados, cercado de encantos por todos os lados. Esse é o Arquipélago de Marajó, o maior conjunto de ilhas fluviomarítimas do mundo. Depois de um período de chuvas intenso, que chegou a alagar dois terços das ilhas, o sol surge como uma divindade, revelando o charme peculiar de um santuário ecológico para os turistas.

Entre os 16 municípios que formam o arquipélago, Soure é a capital informal da região. Para chegar até lá, uma das alternativas mais rápidas e confortáveis é a lancha rápida, inaugurada em novembro do ano passado. A lancha sai do Terminal Hidrovário de Belém às 8h da manhã e faz o percurso Belém-Soure em apenas duas horas. A nova linha faz parte da Agenda Mínima do Governo do Estado e foi criada para dar mais conforto e segurança à população.

Com 132 poltronas numeradas, ar-condicionado, televisão, lanchonete e wifi, as modernidades da lancha rápida enchem de orgulho o ex-comandante da Marinha, Roberto Barros. Hoje aposentado, ele foi convidado para a viagem inaugural da lancha, mas dessa vez foi a passeio, junto de sua esposa. “É uma felicidade muito grande ver um desejo nosso virar realidade. Essa lancha traz um salto significativo para o transporte nos nossos rios”, disse ele.

A ilha é banhada ao norte pelo Oceano Atlântico e navegar na baía do Marajó se torna, então, uma pequena aventura. O vai e vem frenético da lancha na baía faz parte do roteiro de boas vindas. Os turistas são recebidos, ainda no cais, por um simpático búfalo, montado por um policial.

Os búfalos do Marajó fazem parte do maior rebanho do Brasil. São cerca de 600 mil cabeças, o dobro do número de habitantes da região. Mas apesar da fama imponente, os búfalos que circulam em Soure e servem como atração, mais parecem bichos de estimação, de tão carismáticos. “Percebemos o grande interesse dos turistas, que iam visitar nossa guarnição só pra ver os búfalos e resolvemos facilitar, trazendo os animais para recepcionar os turistas”, conta o tenente coronel Oscar.

A Polícia Militar de Soure faz a ronda matinal diária montada neles, desde 1992. São 10 búfalos da raça Carabao, que possui mais resistência e força na tração. Eles obedecem fielmente às ordens dos policiais, que cuidam deles desde pequenos. A relação entre policial e búfalo acaba ultrapassando o trabalho diário. “Quando chego em casa, à noite, fico preocupado com o 'Baratinha' e ligo para o batalhão, para saber se está tudo bem, se ele não fugiu. Cuido dele há quase 10 anos", conta o sargento PM Vitelli. O “Baratinha” é o mais famoso dos búfalos da PM. Já figurou até no elenco da novela da Globo, "Amor, eterno amor”.

Quem também exibe pinta de galã é o búfalo “Alemão”. Ele foi batizado assim por causa de seu pêlo loiro na cabeça. Por onde passa, o Alemão, usado como anfitrião de um hotel de Soure, encanta turistas. Foi assim com a gaúcha Ana Elisabete Maiseichyk, que conheceu Soure esta semana. “Assim que eu o vi, me apaixonei. Olha só essa carinha dele. Eles são fantásticos. É exótico e ao mesmo tempo, cativante”, disse a turista, enquanto montava no animal.

Culinária que ganha o mundo

É do búfalo que se extrai carne, couro, leite e o famoso queijo do Marajó. Rico em gorduras, proteínas e com menos colesterol que o queijo tradicional, o produto marajoara passa por oito etapas de fabricação até a mesa do consumidor. A receita é centenária e a iguaria artesanal hoje é vendida no Rio de Janeiro e em São Paulo por 120 reais o quilo, enquanto que no Marajó, é vendida a 20 reais.

A delícia começou a ganhar o Brasil depois que foi reconhecida como um produto artesanal do Pará, em 2013. O primeiro produtor de queijo do Marajó a receber o certificado foi Carlos Augusto Gouvêa, o quarto da geração na família que comanda a Fazenda Mironga, em Soure, que hoje produz 40 Kg de queijo do Marajó por dia, de domingo a domingo. “Graças ao Governo do Estado, o queijo do Marajó deixou de ficar ilhado e hoje ganhou o Brasil. Como um produto artesanal, reconhecido em lei, temos mais autonomia para a venda”, disse o fabricante.

O queijo “Mironga” é fabricado na própria fazenda da família, um verdadeiro templo de culto ao búfalo, desde a decoração na parede até os relatos apaixonados do “seu Tonga”, o patriarca dos Gouvêa, que devota aos búfalos toda a sua gratidão pelo império erguido pela família.

Mas nem só de búfalo se faz o charme do Marajó. Nos 15 minutos do trajeto que leva até a praia do Pesqueiro, Soure se transforma em um lúdico vilarejo, idêntico ao cantado por Marisa Monte. Lá, “portas e janelas ficam sempre abertas pra sorte entrar”, flores enfeitam as janelas e, nas calçadas, tem sempre um caboclo com sorriso escancarado e a alma aberta, pronto para ajudar.

A cordialidade do povo marajoara chamou a atenção da servidora pública paulista Barbara Cordovani. Acompanhada de uma amiga, ela acampou na Praia do Pesqueiro e se apaixonou pelo lugar. “Além de a praia ser linda, é muito louco você estar pegando sol e de repente, abrir o olho e dar de cara com um búfalo no meio da areia. A simplicidade do povo também é muito bonita” diz a turista. Bárbara se referia especialmente à Sandra Cruz. É na barraca dela que Bárbara e sua amiga têm o suporte do banho e das redes para dormir.

Mãe de dois filhos já adultos, Sandra já se acostumou a adotar turistas que vão acampar na praia. O prazer de ajudar jovens e crianças vai além. Professora aposentada de uma escola municipal, ela sonha em montar uma biblioteca comunitária em plena praia do Pesqueiro. O mais importante, já tem: um acervo de quase 500 livros doados por escolas da região. "Quero ajudar os jovens a ganhar sabedoria e também aprender com eles. Os mais humildes têm muito a nos ensinar”, conta, com os olhos brilhando.

Com dunas de areia clara e igarapés, a praia do Pesqueiro, em Soure, é quase tão bonita quanto a praia de Barra Velha, também no município. É lá, na Barra Velha, que se vê um deslumbrante nascer do sol e a clássica cena de pescadores iniciando mais um dia de trabalho.

As belezas naturais também são encontradas na praia Grande, em Salvaterra. Para se chegar ao local, é preciso atravessar de balsa. A viagem dura 20 minutos. Chegando à Praia Grande, os igarapés são tomados por crianças e adultos, a caminho da praia. Palmeiras com coqueiros e açaizeiros completam o cenário rústico e acolhedor. Na saudação de um caboclo, no olhar de um búfalo, nas ruínas de uma igreja do século XVIII, tudo se faz canção.

A primeira semana de julho foi tranquila nas praias de Salvaterra. “Registramos apenas um banhista ferrado por arraia e alguns cortes”, disse o Tenente Fernando Varela, do Corpo de Bombeiros, que está atuando com oito homens por dia nas praias de Joanes e Praia Grande, assim como em Pesqueiro e Barra Velha. A Polícia Militar de Soure buscou reforço de Belém para o efetivo de 60 homens por dia, que fazem a ronda no município.

Como chegar:

Quem estiver de carro, deve pegar a balsa no porto de Icoaraci, a 20 km do centro de Belém.

Quem estiver sem carro, a melhor opção é a lancha rápida. Ela sai todos os dias, às 8 da manhã, do Terminal Hidroviário de Belém, até Soure. Preço: 48 reais

O que visitar: Praia do Pesqueiro e Barra Velha, em Soure. Fazenda Mironga e Fazenda Bom Jardim, também em Soure. Praias Grande e de Joanes e Ruínas de Joanes (Salvaterra).

Fonte: AGPA

Comunicação/AMAM
 
  
 
« Voltar
 
 
Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó
End: Travessa 3 de maio, 2389
Cremação - Telefone: (91) 3213-8000