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26/09/2016
Variados
AVANÇOS NA SAÚDE PÚBLICA MARCAM OS SEIS ANOS DO HOSPITAL REGIONAL DO MARAJÓ.
 


Há duas semanas Jesus de Almeida Freitas, 33, se recupera de um grave ferimento que chegou a perfurar um dos pulmões e quase lhe custou a vida. Os movimentos e a fala ainda são lentos. Morador da comunidade Santa Maria, no município de Anapu, mesorregião oeste do estado, ele foi atingido com um golpe de faca durante uma discussão ao final de uma partida de futebol. Levado a um hospital de Portel, ele recebeu os primeiros atendimentos, mas em razão da gravidade do caso foi encaminhado ao Hospital Regional Público do Marajó (HRPM), em Breves, que atende casos de alta complexidade. Hoje, ele comemora uma nova vida.

Assim como Jesus, milhares de outros paraenses que vivem nos municípios do entorno já tiveram as suas vidas salvas ou conseguiram apoio para cuidar da saúde no Hospital Regional Público do Marajó (HRPM), que completa este domingo (25), seis anos de atividades, consolidando-se como uma referência em saúde pública nessa parte do estado.

Mantido pelo Governo do Pará, por meio de contrato de gestão firmado entre a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e a Organização Social de Saúde Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), hoje o Regional Público do Marajó é um dos hospitais-modelo do estado e reflete um exemplo bem sucedido de gestão da saúde pública, que tem o grande mérito de oferecer qualidade de atendimento apostando na regionalização dos cuidados em média e alta complexidade.

"Um primo pediu para que me encaminhassem para cá (Breves). E eu pude ver que aqui é muito diferente. Inclusive tudo isso está sendo novo para mim: é a primeira vez que levo um susto desses, é a primeira vez que sou internado num hospital... e é a primeira vez que tomo uma facada [risos]. Mas também é a primeira vez que vejo um hospital funcionando tão bem quanto este aqui. É realmente muito bom, me sinto tranquilo e sei que vou sair dessa bem", prevê Jesus Freitas.

“O balanço desses seis anos mostra como é grande o impacto do HRPM para a saúde da população que vive nessa porção do arquipélago marajoara, em especial para os sete municípios da área de influência dessa região. O hospital supre as carências desses municípios e reduz o fluxo de pacientes que procurariam atendimento na capital”, avalia Fernando Oliveira dos Santos, 31, que há um ano é gerente administrativo e financeiro do Hospital Regional Público do Marajó.

“Esse é um hospital de pacientes referenciados, encaminhados pelo atendimento básico. A cada ano, movimentamos cerca de R$ 39 milhões para cumprir as necessidades de atendimento e demandas de saúde”, destaca.

Referência - Quando construído pelo governo do Estado na ribeirinha e portuária Breves, o HRPM foi planejado para ter 9.926m² de instalações físicas distribuídas em uma área de 23.916m², situada à avenida Rio Branco, a principal do município, que soma hoje 100 mil habitantes. No entanto, estima-se que o hospital seja referência para uma população estimada em 270 mil habitantes, moradores dos sete municípios pactuados com o 8° Centro Regional de Saúde da Sespa: Bagre, Curralinho, Anajás, Portel, Melgaço, Gurupá, além de Breves.

Dotado de uma bela área verde em seu entorno, o prédio do HRPM é reconhecido pelos moradores de Breves por ser garantia de assistência segura, de qualidade e humanizada. Ao todo, hoje o HRPM soma uma equipe multiprofissional com mais de 400 colaboradores diretos e indiretos, incluindo médicos, profissionais de enfermagem e especialistas em diversas áreas de saúde.

O hospital oferece clínicas integradas com as especialidades de obstetrícia, cirurgia, ortopedia, oftalmologia, cardiologia, pediatria, clínica médica, anestesia e terapia intensiva, além de exames laboratoriais, por imagem e métodos gráficos. O HRPM mantém também um centro cirúrgico e obstétrico com três salas cirúrgicas - uma para reanimação -, além de ambiente para pós-operatório e pré-operatório.

O atendimento em fisioterapia do hospital também é uma referência para a região. E os usuários ainda dispõem de uma unidade de ambulatório com cinco consultórios, o que dá mais agilidade aos atendimentos. Atualmente, o índice médio de satisfação dos usuários do hospital é de 95%, conforme dados levantados no período de janeiro a agosto de 2016.

Em seis anos, o HRPM lista números que ressaltam o quanto faria falta à região, caso não existisse. Nesse tempo, o hospital já realizou 810.805 exames, entre os quais 78.957 ambulatoriais, como análises clínicas, raios-x, tomografias, mamografias e outros serviços. Também já fez um total de 1.330 partos e cesarianas, além de 11.473 cirurgias - entre operações eletivas e de urgência e emergência.

Desde a sua implantação, em 2010, o hospital registra um total de 299.790 atendimentos nos mais variados serviços. Entre eles, 727.824 exames, 67.734 atendimentos ambulatoriais e 23.498 ligados a registros de urgência e emergência.

O Hospital Regional Público do Marajó dispõe de 70 leitos – 53 para atendimento clínico e 17 UTIs, sendo cinco pediátricas, cinco neonatais e sete para adultos. Ao todo, nos últimos seis anos contabilizou 14.844 internações (saídas hospitalares), 220.270 sessões de fisioterapia, 10.039 diárias de UTI adulto, 7.879 diárias de UTI pediátrica e 9.010 diárias de UTI neonatal, além de 3.806 consultas e cirurgias em oftalmologia, 262 consultas de urologia e outras 180 de mastologia.

Excelência e humanização – Dotado de uma sólida política de segurança ambiental para gestão do lixo hospitalar, o hospital mantém um programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS) bem avançado, focado na coleta, no tratamento e na destinação adequada deste material. O HRPM também mantém uma horta 100% orgânica, para garantir que alimentos feitos pelo hospital estejam livres de agentes contaminantes, como agrotóxicos.

Porém, é justamente nos esforços para transformar seus serviços e espaços em referências em atendimento humanizado que o Hospital Regional do Marajó tem conquistado os seus maiores reconhecimentos e avanços. A instalação de redários para acompanhantes e a abertura de um espaço que reúne serviços especiais para gestantes são os destaques dessa política do HRPM.

Em busca da certificação IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança) - idealizada em 1990 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para incentivar a boa saúde dos partos e o aleitamento materno - o Hospital do Marajó implantou o Espaço da Gestante, que propicia atendimento humanizado e dedicado especialmente a demandas de gestantes, incluindo as de alto risco.

"O impacto é muito grande. Elas se sentem muito mais acolhidas, pois antes ficavam misturadas aos outros pacientes. Aqui elas sentem que é o lugar delas, onde podem trocar até experiências", avalia enfermeira Leydy Hellen da Silva Teixeira, responsável pelo Espaço Gestante do HRPM. "Muitas já se sentem como se estivessem em casa, e passam para as outras informações do que existe aqui. Algumas delas já chegam procurando pelo meu nome. Querem falar com a enfermeira Leydy", sorri.

Recentemente o projeto de instalação de redários para acompanhantes de clientes internados também foi premiado. O troféu pelo case de sucesso em qualidade e segurança veio do encontro Líderes da Saúde do Norte e Nordeste, de 2016. Os espaços funcionam desde julho deste ano.

"É muito bom. É mais confortável. Ajuda a gente, não é minha princesa?", diz Laudecir Cardoso da Silva, enquanto ensaia uma conversa com sua pequena Maria, que se recupera de uma virose numa das enfermarias pediátricas do hospital. Jéssica Viana Corrêa, 20, que acompanha o filho Pedro Corrêa, compartilha da mesma impressão de Laudecir. No quarto onde as duas estão, o colorido das redes instaladas ao lado dos leitos ajuda a quebrar o tom do frio quarto de hospital.

 “Isso é algo que resume o esforço de humanização do hospital, atentando às características e à cultura da região. Iniciamos como um projeto piloto na pediatria, e deu muito certo. As redes dão uma noite de descanso melhor às mães”, diz o gerente administrativo e financeiro do HRPM, antecipando que a meta é levar essa mesma proposta a todos os leitos de internações do hospital.

“Nesses seis anos, a busca pela humanização do serviço tem sido um dos maiores esforços do hospital. A valorização do paciente é seguramente o maior ganho do HRPM no balanço desse período”, pondera Isa Barbosa de Oliveira, gerente de Enfermagem do HRPM.

Avanços – O HRPM se orgulha também de estar avançando para oferecer novas especialidades. “Conseguimos implantar e firmar atendimentos em otorrinolaringologia, mastologia, urologia e ginecologia oncológica, que era uma necessidade muito grande da região. Na oftalmologia, o hospital hoje faz atendimentos e também cirurgias”, comemora o gerente Fernando Oliveira.

Para mais adiante, a gestão do HRPM já estuda a implantação de um serviço de hemodiálise. Atualmente, o desafio é conseguir acesso à água potável, com melhor padrão de qualidade. Empresas e laboratórios já estão sendo convocados para buscar soluções nesse sentido. “É algo que queremos ver em operação em cinco anos ou até antes”, diz o gerente do HRPM.

A acreditação do hospital por reconhecidas instâncias e entidades de avaliação externa também é um projeto futuro. E faz parte de uma necessidade que tem tudo a ver com a cultura interna de um hospital público gerido por uma OSS - onde tudo gira em torno da busca constante pela qualidade de prestação de serviços. O hospital já se prepara para buscar sua primeira certificação pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) a partir de 2017.

“A equipe se sente muito satisfeita. Temos um aparato diferenciado nessa região, e seguramente, mais qualificado até que em alguns hospitais da capital. O modelo de gestão de hospitais públicos por OSS é o caminho certo e aponta para um cenário com mais hospitais como esse nas diversas regiões do estado”, diz o médico Waldemar Fernandes da Silva Júnior, especialista em radiologia do HRPM.

Reforça isso o trabalho diário do biomédico Milton Ferreira, responsável pela Agência Transfusional do HRPM, uma unidade instalada dentro do hospital que funciona 24 horas, sete dias na semana. É ele quem cuida das bolsas de sangue e demais hemoderivados que abastecem o hospital e também outros estabelecimentos de saúde nos sete municípios região. "Aqui, somos o núcleo de referência do Hemopa para todos os municípios atendidos nessa região do Marajó. Nosso trabalho é crucial para a demanda de sangue de Breves e de vários outros hospitais nas demais localidades. E nossa rotina não para nunca".

O secretário estadual de Saúde, Vitor Mateus, também faz questão de ressaltar o desempenho e dedicação dos profissionais que atuam no HRPM para os avanços conquistados ao longo desses seis anos. "O Hospital Regional do Marajó integra uma rede de saúde planejada para assegurar a oferta de serviços de média e alta complexidade nas várias regiões do Pará. Nesse aniversário de seis anos, parabenizo todos que colaboram com esse trabalho. A dedicação dos profissionais é traduzida pela atenção e reconhecimento da população do Marajó, região onde essa condição excepcional se faz ainda mais necessária”.

Fonte: AGPA.

Comunicação/AMAM
 
  
 
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