O governador
Simão Jatene está na Ilha do Marajó, onde participa da inauguração de duas
novas subestações que vão levar energia firme para os municípios de Cachoeira
do Arari e Salvaterra, a partir desta segunda-feira (3). As obras fazem parte
da segunda etapa da conexão do Marajó ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e
devem beneficiar quase 15 mil famílias, nos dois municípios, com energia
elétrica de qualidade.
Na maioria das
cidades marajoaras a energia ainda é proveniente de termoelétricas. Esse
sistema, além de poluir o meio ambiente, não consegue gerar energia suficiente
para abastecer residências e empreendimentos que dependem da eletricidade firme
e constante para funcionar a contento, como destaca Maria José Gama, conhecida
como dona Zezé, proprietária de um pequeno restaurante em Cachoeira do Arari, e
que há 10 anos adia o projeto de ter um espaço climatizado devido ao fornecimento
irregular de energia.
“Nós temos uma
usina que funciona com dois motores, mas a cidade cresceu e esse equipamento
não está mais dando conta do recado. Então, quando dá uma pane em um desses
motores não tem como levar energia pra cidade toda e aí a gente vai para o
racionamento, ou seja, quando tem luz para um lado, não tem para o outro, e
vice-versa”, conta dona Zezé, que sonha em melhorar o ambiente e a qualidade do
serviço no seu empreendimento.
“A gente sempre
sonhou em colocar ar condicionado no restaurante, para dar mais conforto a
nossa clientela, mas com o sistema que tínhamos isso não era possível. A gente
acredita que com a chegada do ‘linhão’ esses problemas vão ser resolvidos. Essa
energia está chegando pra trazer melhoria de vida para o povo marajoara”,
comemora dona Zezé, que já planeja a compra das centrais de ar para o seu
estabelecimento.
O início do
projeto de interligação do Arquipélago do Marajó ao SIN foi o sinal que o
agricultor José Marques esperava para finalmente investir no plantio de arroz
em Salvaterra. O potencial da região para a agricultura atraiu a atenção do
empresário, que deixou o Mato Grosso pra traz e se mudou para a cidade
conhecida como ‘princesinha do Marajó’. “Nós não teríamos condições de produzir
no Marajó se não tivesse a perspectiva da energia firme. Assim que tivemos a
certeza que a energia estava chegando, viemos pra cá e iniciamos os nossos
investimentos”, conta José Marques, que já se anima até a ampliar o sistema de
produção.
“Estamos
trabalhando para produzir e industrializar um arroz 100% marajoara, fazendo a
cadeia completa aqui mesmo. Com a chegada da energia firme vamos ter condições
de iniciar o processo de irrigação da plantação e instalar a indústria, o que é
muito bom para o desenvolvimento da cidade”, reitera o agricultor, lembrando
que a energia firme também contribui para a queda do preço final do produto.
“Além de maior eficiência, teremos menos custo com a geração de energia por
motores de óleo diesel”.
Para se ter uma
ideia, desde que as cidades marajoaras começaram a ser vinculadas ao Sistema
Interligado Nacional e passaram a deixar de utilizar usinas a diesel para a
geração de energia, houve uma significativa redução de consumo do combustível
que abastecia os motores e que eram altamente nocivos ao meio ambiente. Segundo
informações da Celpa, a redução anual foi de mais de 33 milhões de litros de
diesel, o que representa uma economia de mais de R$ 112 milhões.
Esse volume deve
crescer com a ampliação de municípios interligados ao SIN. Em breve, a
iniciativa vai permitir a conexão de outras cidades próximas, como Soure, Santa
Cruz do Arari, Anajás, Chaves e Afuá. Com isso, ocorrerá a desativação
gradativa das usinas termoelétricas que ainda funcionam na ilha.
Investimentos - A
primeira etapa do projeto, conhecida como Marajó I e concluída em 2013, recebeu
investimentos na ordem de R$ 179,5 milhões, aplicados na ampliação de duas e
construção de seis novas subestações, além da construção de 685 quilômetros de
rede. Essa primeira fase atendeu aos municípios de Portel, Melgaço, Curralinho,
Breves, Baião e Bagre.
Já para segunda
etapa, que está em andamento, o investimento total gira em torno de R$ 242
milhões e prevê ainda a construção de mais seis novas subestações e 794
quilômetros de rede. A conclusão de todo o trabalho no Marajó beneficiará,
diretamente, cerca de 450 mil pessoas.
Internet - Em
2016, uma tecnologia inédita no estado foi utilizada pela Celpa para dar início
à segunda etapa de interligação do Marajó. Na oportunidade, cabos subaquáticos
foram instalados para conectar as subestações de Vila do Conde, em Barcarena, e
de Ponta de Pedras, no arquipélago. Além de energia elétrica, os cabos também
continham uma estrutura de fibra óptica, para levar internet em alta
velocidade.
Através do cabo
subaquático foi possível implantar, em Ponta de Pedras, a Cidade Digital, que
disponibiliza acesso gratuito de internet em escolas e praças. Gradativamente o
projeto alcançará os outros municípios da ilha.
Fonte: AGPA.