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28/04/2017
Variados
CAMPANHA PELA REEDIÇÃO DO LIVRO "PONTE DO GALO", DE DALCÍDIO JURANDIR.
 


Conhecido pelos iniciados em sua obra, mal conhecido pelos leitores paraenses em geral e, por falta de reedições de seus livros, um total desconhecido para as novas gerações, Dalcidio Jurandir (Ponta de Pedras, 1909/ Rio de Janeiro, 1979), um dos mais importantes romancistas do Pará, pode ter uma das suas obras mais famosas reeditada, o romance “Ponte do Galo”, se tiver êxito a campanha de financiamento coletivo com esse objetivo iniciada no dia 7 deste mês pela Editora Parágrafo. “A campanha durará 60 dias e, nesse período, leitores e apreciadores da obra dalcidiana poderão apoiar financeiramente a iniciativa adquirindo exemplares do livro físico ou e-book, e ganhando recompensas pela colaboração”, informa Dênis Girotto de Brito, professor, escritor e designer editorial, que lidera a campanha. Uma boa notícia para marcar uma data simbólica hoje, o Dia Internacional do Livro.

Envolvidos com o projeto também estão a artista plástica e ilustradora Paloma Franca Amorim, fotógrafo marajoara Eliseu Pereira e o professor e pesquisador Paulo Nunes, estudioso da obra de Dalcidio, escolhido para fazer a apresentação do romance. Sem reedição há 46 anos, “Ponte do Galo” é o sétimo romance dos dez escritos por Dalcidio Jurandir, no que passou a ser chamado, no conjunto da sua obra, o Ciclo do Extremo-Norte.

Sua primeira edição é de 1971, feita pela Editora Martins/Mec. Dividido em duas partes, que se passam em Cachoeira (Ilha do Marajó), terra natal do escritor, e Belém, respectivamente, o livro narra a história de Alfredo, alter ego de Dalcídio, menino marajoara que sonha em ir para a cidade grande continuar seus estudos. Dalcídio explora em toda a sua obra a região e seus habitantes, dando ênfase ao ser humano, seus medos, angústias, sentimentos e sobrevivência. Segundo os especialistas, “sua literatura vai além do simples retrato da Amazônia. Ele revela outro mundo, das pessoas comuns de uma vila no meio de uma ilha e introspecções e desejos. São emblemas humanos que circundam a narrativa. Pela relevância e riqueza da sua literatura em retratar a Amazônia, seu povo e sua cultura, Dalcídio está para a sua região como Graciliano Ramos, Jorge Amado e Érico Veríssimo estão para as suas”.

Em 50 anos de literatura, Dalcidio escreveu 10 romances amazônicos e teve um livro de poemas publicados post mortem, Poemas Impetuosos (Belém, 2011) organizado por Paulo Nunes para a editora Paka-tatu em convênio com a Casa de Cultura Dalcídio Jurandir. “Ponte do Galo” é um dos livros mais raros e menos lido do romancista marajoara, que teve dois dos seus livros publicados também no exterior: “Belém do Grão-Pará”, com duas edições em Portugal, e “Linha do Parque”, (um livro que não integra o ciclo marajoara, publicado em Moscou).

Com sua primeira parte se passando em Cachoeira do Arari, onde o personagem Alfredo goza férias escolares, e a segunda em Belém, onde a periferia da Belém, sobretudo o Telégrafo e arredores, ganha destaque, o romance é considerado “um primor da Negritude e da Amazonicidade, coisa que Dalcídio aprendeu a respeitar com seus pares da Academia do Peixe Frito, congregação informal liderada por Bruno de Menezes, que se reunia no Ver-O-Peso, cerca de 13 moços pobres e quase todos pretos, nos idos dos anos 30 do século passado, com o intuito de renovar nossa cultura e nossas letras”.

Dalcidio fez sua estreia na literatura com “Chove nos campos de Cachoeira”, publicado em 1941, e com ele venceu o concurso instituído pelo jornal D. Casmurro e pela Editora Vecchi. Seu último romance foi “Ribanceira”, que, recomendado por Jorge Amado, foi lançado pela Editora Record em 1978.

Paulo Nunes se declara entusiasmado com a iniciativa de buscar meios de reeditar Dalcídio. Ele diz: “Estou entusiasmado, com esta nova edição, falta agora que o governo do Pará tome para si a proposta de assinar um convênio com uma grande editora brasileira para viabilizar a edição completa - e de qualidade - do Ciclo do Extremo Norte”. E acrescenta: “O Brasil sem Dalcídio é um Brasil lacunar, capenga mesmo, porque a representação que Dalcídio Jurandir faz das gentes da Amazônia faz dele um autor único no cenário literário brasileiro”.

Segundo o professor, Dalcídio, além de um grande romancista, é “um brasileiro incomum”, sempre retratando o Brasil a partir da sua gente mais humilde - como ele mesmo dizia: “A minha criatura dos pés no chão”. Dalcídio se referia, segundo o prefaciador da futura reedição de “Ponte do Galo”, àqueles que habitam as periferias do país, onde a Amazônia, palco dos dramas, que Paulo Nunes chama de “o ‘teatrum mundi’ dalcidiano”, é também uma periferia incompreendida.

TROCA DE LIVROS

O Dia Internacional do Livro também será marcado hoje, por uma programação no Bar Café Container (Avenida Alcindo Cacela, 280, em frente a Universidade da Amazônia), que abre suas portas aos amantes da literatura, promovendo uma troca de livros, em parceria com o grupo “A Feira do Livro na Praça da República”. Além da troca de livros, o encontro ‘‘Grãos & Páginas” também festeja o Dia Internacional do Café, comemorado também em abril. O evento é uma iniciativa que tem como objetivo incentivar o consumo e reconhecimento de grãos de café especiais, além de estimular a movimentação de livros na troca que ocorrerá no espaço. O encontro inicia às 17h e vai até às 19h30. Segundo pesquisa divulgado pela Instituto Pró-Livro, apenas 56% da população leu ao menos um livro ou parte dele nos três meses anteriores à pesquisa, realizada em 2016. Se comparado ao resultado da pesquisa de 2011, o hábito da leitura entre os brasileiros ainda continua tímido.

Apoie e faça parte dessa reedição histórica de um dos maiores romances da literatura brasileira. Acesse► https://www.catarse.me/ponte_do_galo

Fonte: O Liberal.

Comunicação/AMAM.
 
  
 
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