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04/01/2018
Variados
PREMIAÇÃO DESTACA AS AÇÕES DE PREVENÇÃO AO ESCALPELAMENTO
 

A Coordenação Estadual de Mobilização Social da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e a Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com Escalpelamento (CEEAE) promoveram a premiação “Parceiros unidos no enfrentamento ao escalpelamento”, com o objetivo de agradecer e homenagear quem se dedica a esse trabalho, e também incentivar a continuidade das ações de mobilização coletiva e combate aos acidentes de motor, visando erradicá-los dos rios, furos e igarapés paraenses. O Corpo de BHomombeiros Militar do Pará é um dos parceiros nas ações preventivas.

Foram entregues placas e certificados, e lançado o selo “Município Escalpelamento Zero”, que irá vigorar a partir de 2018, para estimular o combate aos acidentes nos municípios ribeirinhos. O subcomandante da corporação, coronel Augusto Lima, representando o comandante geral, disse que é “sempre uma honra realizar trabalhos como este, ver o sorriso no rosto do próximo e reafirmar a união com todas as instituições envolvidas nesse trabalho. O Corpo de Bombeiros sempre estará de braços abertos, e que em 2018 seja fortalecida ainda mais essa união”.

O capitão Leonardo Sarges, do Corpo de Bombeiros, membro da Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes, informou que, em 2016, a corporação “foi convidada a fazer parte, e eu, como membro, juntamente com meu suplente, capitão Nascimento, começamos a fazer parte das ações. Trabalhamos com assistência, seja material, com alimentos e brinquedos, e emocional, dando suporte, ajuda, incentivo, doação de cabelos e amor. Nosso maior objetivo é erradicar os acidentes e estamos trabalhando incansavelmente”.

Prevenção – O Corpo de Bombeiros Militar do Pará, por meio do Grupamento Marítimo Fluvial, realiza ações preventivas com abordagem no escalpelamento, enfatizando formas de prevenir e, principalmente, disseminar o entendimento na educação infantil, além de campanhas educativas para evitar afogamentos, com entrega de coletes e orientações sobre o uso desse equipamento e para a segurança das embarcações e dos tripulantes.

“O Grupamento Marítimo também trabalha para mudar a cultura de falta da percepção de riscos, de não comprometimento, de má utilização dos equipamentos de segurança, ou não utilização. A região do Marajó tem um índice elevado de afogamentos e o maior ponto de acidentes com escalpelamento, por isso reforçamos ainda mais os trabalhos com nossos parceiros da Comissão, para diminuir os acidentes”, ressaltou o capitão Leonardo Sarges.

Integração – A redução dos casos de escalpelamento resulta de um trabalho integrado, feito pela CEEAE, composta pelo Corpo de Bombeiros, Marinha do Brasil, Fundação Santa Casa, Defensoria Pública do Estado, Secretaria de Estado de Transportes (Setran), Capitania dos Portos, Ministério Público do Estado, Sindicato dos Médicos do Estado, Sociedade Paraense de Pediatria e Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e outras entidades parceiras.

A maioria das vítimas de escalpelamento é oriunda do Arquipélago do Marajó e do oeste paraense. A lista é composta por 46 municípios. O balanço dessas ocorrências mostra a eficácia do trabalho que vem sendo feito. De 1982 até dezembro de 2014 foram registrados 409 casos de escalpelamento, contra 11 em 2015, seis em 2016 e um caso em Portel, no Marajó, em agosto deste ano.

O acidente ocorre quando as vítimas têm o couro cabeludo arrancado por motores dos barcos, meio de transporte mais usado na região amazônica. As principais vítimas são mulheres e crianças, que sofrem com as sequelas físicas e os traumas psicológicos.

Acolhimento - Atualmente, a Fundação Santa Casa coordena o procedimento do implante de orelhas em vítimas desse acidente. Entre 2006 e 2017 foram atendidos 129 casos. As vítimas de escalpelamento também recebem apoio no Espaço Acolher, mantido pela Fundação Santa Casa para hospedar vítimas que precisam dar continuidade ao tratamento médico em Belém.

O Espaço Acolher foi criado em 2006 e faz parte do Programa de Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), desenvolvido na Fundação Santa Casa para atender as vítimas depois que recebem alta do hospital e precisam continuar o tratamento na capital, já que a maioria dos acidentes ocorre no interior do Estado.

“O objetivo era criar um espaço com uma equipe multidisciplinar para atender as vítimas de escalpelamento e ajudar com o serviço social, psicólogo, pedagogos e técnicos de enfermagem. Acima de tudo, elas podem ficar, realizar os curativos, as intercorrências e procedimentos adequados para receber alta com o tempo certo”, acrescentou a assistente social Luzia de Matos, coordenadora do Espaço Acolher.

Anny Almeida sofreu o acidente aos 15 anos. Após 17 anos, ela já realizou 34 cirurgias, e frisou a importância do apoio que recebeu durante anos de tratamento. “A ajuda de todos foi fundamental. É gratificante, hoje, disseminar tudo que aprendi e ajudar outras pessoas com a informação. Ajudar na prevenção é importante. Teve que acontecer comigo para eu saber o que era, e não quero que aconteça com mais ninguém. Estamos na luta e espero que o número diminua cada vez mais”, disse Anny Almeida.

Doação de cabelo – Outra ação importante no atendimento às vítimas é a doação de cabelo para a confecção de perucas para as vítimas de escalpelamento. Filho do tenente-coronel Valtencir Pinheiro, do Corpo de Bombeiros, Pedro Henrique Pinheiro soube da doação após assistir a uma reportagem sobre escalpelamento. Ele resolveu deixar o cabelo crescer e, durante a premiação, cortou e concretizou a doação. “Após ver como é difícil para as meninas passarem por isso eu quis doar meu cabelo. Falei para minha mãe que queria doar e passei a cuidar mais dele que o normal. Sofri preconceito na escola por ter o cabelo comprido, mas isso nunca me desanimou, porque sabia que era para um bem maior”, contou Pedro.

Janaína Pinheiro, mãe de Pedro Henrique, apoiou a atitude do filho desde o início, e disse que ele teve “uma atitude madura para uma criança de apenas 8 anos, e isso me encheu de orgulho. É uma ação que o ajudou a criar uma responsabilidade a partir do momento que escolheu ajudar o próximo”. Janaína acrescentou que “ele deixou o cabelo crescer durante anos, e só estava esperando o momento certo para realizar a doação. Sofreu preconceito e bullying, mas isso não o abalou. Ele sabia que mais à frente iria fazer a diferença com sua atitude”.

Incentivo – Sobre o selo “Município Escalpelamento Zero”, a coordenadora Estadual de Mobilização Social, Socorro Silva, informou que “a partir de 2018 o selo será trabalhado, e a Sespa irá realizar uma premiação em que os municípios irão receber se conseguirem trabalhar a prevenção de acidentes de motor diretamente com suas populações. O selo é um incentivo para que as ações sejam eficazes. Com a ajuda e o apoio dos demais, vai ser mais fácil disseminar a informação e a prevenção”.

O Dia Nacional de Combate aos Acidentes com Escalpelamento foi instituído por lei com o objetivo de conscientizar a população, principalmente barqueiros e ribeirinhos, sobre os riscos de acidentes em barcos que trafegam com o eixo do motor exposto pelos cursos d’água na Amazônia.

Serviço: Donos de embarcações de pequeno porte podem conseguir a cobertura do eixo de graça. Os contatos da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental são 0800-2807200 e (91) 3218-3950. Informações sobre vítimas de escalpelamento devem ser repassadas à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (91) 4009-2262. Os contatos da Coordenação de Mobilização Social/Sespa são (91) 4006-4329, mobsocialsespa@hotmail.com e comissão.escalpe.pa@gmail.com.

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