Ao menos 1.014 profissionais de 34 órgãos do
Pará e Amapá estão envolvidos na operação interestadual de segurança pública
“Segurança Sem Limites”, iniciada no último dia 10 na fronteira entre os dois
Estados para combater diversos crimes e levar ações sociais a comunidades isoladas
e regiões ribeirinhas.
Planejada pelo Conselho de Segurança Pública do
Meio Norte (Comen), a operação reúne as polícias Militar, Técnico-Científica,
Rodoviária e Federal, Secretaria de Segurança Pública, Marinha Brasileira,
Receita Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) e Agência
de Defesa e Inspeção Agropecuária (Diagro), entre outros.
Em Afuá, no arquipélago do Marajó, as
atividades começam cedo. Nas duas maiores frentes de atuação – o Navio Pará da
Marinha Brasileira e o posto de identificação e registro na Câmara Municipal –
a população já aguarda pelo atendimento. Em média a Marinha atende 40 pessoas
por dia, em cada consultório de clínica médica e odontologia.
“As mães nos procuram bastante para avaliar as
crianças, que geralmente estão com falta de apetite ou dor abdominal, a
principal queixa, que geralmente é algum problema relacionado a vermes. Há
também muitos problemas de infecção urinária, que comprovamos aqui por meio de
exames feitos na hora”, informou a médica Lorena Sanches.
Enquanto alguns atendimentos são feitos no
navio e em terra, uma missão da Delegacia de Meio Ambiente (Dema), Secretaria
de Meio Ambiente do Pará (Sema) em parceria com o Grupamento Fluvial (GFlu),
atravessa os rios próximos da cidade para apurar denúncias de conflitos
agrários e fazer inspeções de rotina em algumas embarcações.
Durante a viagem, o grupo trouxe ao porto de
Afuá três crianças acompanhadas das mães que precisavam de atendimento médico.
Uma delas, um menino de 9 anos, estava com a suspeita de um braço quebrado há
oito dias. O outro menino tinha um inchaço no rosto, e a terceira era uma
menina portadora de necessidades especiais.
Marinete da Silva, 48, mãe de Lian Ferreira,
com suspeita de fratura no braço e da menina Riele Ferreira, comenta sobre a
missão de atendimento. “Eu já estava sabendo do atendimento em Afuá, mas como a
gente mora muito longe, não tinha conseguido ir. É a primeira vez que vamos tão
rápido para cidade. Minha esperança é que possam tratar o braço do meu filho e
ainda avaliar o que for possível da minha filha”, disse.
O delegado Vicente Galrão, da Dema, destacou a
atuação colaborativa. “A operação tinha como objetivo a abordagem de
embarcações e a verificação de um conflito agrário, que se mostrou de simples
resolução. No retorno conseguimos resgatar com o apoio da lancha do GFlu três
crianças para o atendimento no Navio Pará, e acredito que esta seja a ideia de
colaboração da missão, já que todos estamos contribuindo para o sucesso dela”,
afirmou.
O capitão de Mar e Guerra, Jackson Sales,
comandante do Navio Pará e do grupamento de patrulhamento naval do Norte, é
responsável pela coordenação dos seis navios e uma lancha da Capitania dos
Portos do Amapá que estão envolvidos na operação “Segurança Sem Limites”.
“Estamos prestando apoio logístico para os
diversos órgãos de segurança do Pará. A tarefa da Marinha é basicamente prover
apoio logístico. O Navio Pará, onde estamos embarcados, destina-se a prover
este apoio. Estamos a bordo com 79 membros de diversos órgãos, como Polícia
Civil, Polícia Federal, Receita Federal, Ibama e Sema, entre outros, para
trazer segurança e cidadania para esta área do Marajó”, explicou.
Sobre as ações de patrulhamento e atendimento
de saúde, o comandante disse que a Marinha atua com ações de patrulha e
inspeção naval. “Instalamos os eixos de proteção nos barcos para evitar os
acidentes de escalpelamento. Já a patrulha atua para prover o incremento à
segurança do tráfico aquaviário na área, no eixo Santana até Chaves. Trazemos
atendimento médico hospitalar e odontológico para toda esta população
ribeirinha”, continuou, informando que o serviço conta ainda com um laboratório
de análises clínicas no navio e três farmacêuticos para fazer exames.
Cidadania – Já em terra, dentro da Câmara
Municipal de Afuá, no posto montado pela Secretaria de Segurança Pública e
Defesa Social do Pará (Segup), a demanda por carteiras de identidade e de
trabalho pode chegar a mais de 50 por dia. Adriana Lima, 18, aproveitou a ação
para tirar a primeira identidade do filho de 1 ano e meio e também se vacinar.
“A gente tem que aproveitar porque está tudo aqui no mesmo lugar. Fazia tempo
que não me vacinava, e isso até ajuda o menino a ter mais coragem para agulha”,
comentou.
Segundo a Segup, já foram emitidos mais de 260
documentos, entre carteiras de identidade, carteiras de trabalho e registros de
nascimento. Além disso, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) fizera
mais de 300 vacinações até o início da manhã deste domingo (16), sendo a
principal delas a vacina contra a gripe.
Nelciane Mesquita, 22, tem três filhos e todos
já estão em dia com as vacinas. O que ela procurava era a carteira de
identidade. “Tenho um de 6, um de 3 e outro de 4 anos, e eles ainda não tinham
outro documento que não fosse a certidão de nascimento. Aqui fica bem mais
fácil porque a gente consegue tirar de todos de uma vez”, observou. O
atendimento à população de Afuá continua até o fim da tarde deste domingo.
Balanço – Até a noite de sábado (15), a Sespa
aplicou, em Afuá, 24 vacinas antitetânicas, 63 contra hepatite B e 235 contra
gripe. Em Chaves, a equipe aplicou 133 vacinas contra tétano, 82 contra
hepatite B e 227 contra gripe. A Polícia Civil emitiu até o momento em Afuá 161
carteiras de identidade e 99 carteiras de trabalho. Também foram feitas 106
orientações jurídicas, que envolvem principalmente correções ou processos de
emissão de novas certidões de nascimento.
O trabalho de patrulha e inspeção naval da
Marinha Brasileira resultou em 179 embarcações abordadas e três notificadas e
apreendidas, além da colocação de 17 coberturas de eixo (prevenção de
escalpelamento). Na área de saúde foram feitos até o momento 391 consultas
médicas na área de clínica geral, 86 exames laboratoriais e 13.053
distribuições de medicamentos. Na área odontológica foram feitas 192 consultas,
com 469 procedimentos registrados. Os principais foram profilaxia, restauração,
extração e educação de higiene bucal.
Fonte: AGPA.