NOTÍCIAS DE BREVES
24/05/2012
Breves
MARAJÓ CORRE EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO.
 

Há cerca de um mês, o Conselho tutelar de Breves, no Marajó, recebeu uma denúncia envolvendo uma menina de 12 anos que teria sido entregue pelos pais a um homem de mais de 30 anos para conviver maritalmente. A família pobre só queria se livrar de uma boca a mais e entregou a filha para viver com outro pobre. Além de abuso sexual a que a menina estava submetida, sobressai a violência doméstica, muito praticada nesses casos onde o homem confunde o papel de marido e de pai. O Conselho recebeu

 

também denuncias de pais que submetem as filhas à prostituição em navios de cargas e até de uma menina que vinha sendo abusada pelo primo de 17 anos.   “Estamos cada vez mais organizados para combater a violência contra crianças e adolescentes que é resultado da ignorância dos pais e da impunidade“, afirma a secretaria de trabalho e assistência social de Breves, Celi Rosana Rodrigues, que tem larga experiência e prática em trabalho social e comanda o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

 

Tanto os membros do Conselho Tutelar quanto os técnicos da secretaria cumprem uma árdua tarefa de percorrer os rios e igarapés da região promovendo um trabalho de conscientização principalmente entre crianças e jovens sobre seus direitos e do apoio que podem contar em casos de abuso, exploração e violência.

 

As reuniões são realizadas com a participação de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e assessoria jurídica em casos de mover ação penal ou destituição do pátrio poder. A plateia recebe uma cartilha didática em quadrinhos onde o herói, o menino Açaizinho, explica sobre a exploração do trabalho infantil e sexual e mostra como denunciar os exploradores.  

 

“Há um falso conceito que a exploração sexual no Marajó é cultural e aceito como uma prática machista e que será preciso muito tempo para mudar. Não podemos aceitar isso. Temos de romper esse paradigma através de ações planejadas e efetivas e não de discussões  estéreis em gabinetes climatizados debruçados sobre estatísticas “,  desabafa Celi.

 

Segundo ela, a bolsa família contribuiu para minorar esses e outros casos porque mantém as crianças nas escolas onde elas recebem alimento e conceitos de direitos individuais, a família tem uma renda mínima para não passar fome e os professores fazem uma triagem inicial de crianças em situação de risco, de acordo com sua conduta que sofre alterações profundas quando  molestada.

 

“A prefeitura mantém a Casa de Passagem, em parceria com o governo federal, com psicólogos e assistentes sociais a fim de atender jovens que são retiradas de situações de exploração. Depois de alguns dias elas retornam para a família mas continuam sendo monitoradas “, atesta. Sistematicamente o centro de referência envia equipes volantes para identificar áreas de vulnerabilidade não só de jovens como de portadores de necessidades especiais. Eles são informados de seus direitos e encaminhados para receber os benefícios devidos.

 

Para os cadastrados na bolsa família, Celi implantou cursos de qualificação profissional em áreas que há demanda efetiva como diarista, pedreiro, encanador, garçom, cozinha básica e de eventos (salgados e doces), balconista dentre outros. “Rompemos aquela velha e falida prática de promover cursos de crochê, bordado, artesanato barato que não insere uma pessoa no mercado de trabalho”, assegura Celi. A secretaria reconhece que os desafios são imensos e os caminhos complicados e perigosos porque contraria interesses de grupos que exploram a prostituição.  Mas acredita que o trabalho está no caminho certo, a juventude cada vez mais esclarecida e a união de esforços entre os governos federal, estadual e municipal certamente darão resultado. A Marajó tem jeito.

 

Por: Pedro Medina

Comunicação/AMAM
 
  
 
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