Um local feito para saciar a curiosidade dos olhos que existem nas pontas dos dedos. Assim o padre Giovanni Gallo, que no último dia 27 completaria 84 anos de idade, planejou o Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari: um espaço ocupado pela criatividade de peças inventadas por ele, feitas para tocar e interagir.
Mas esse ambiente cheio de curiosidades e fantasias, além das dívidas, está sendo tomado pela poeira, pelas traças e cupins. A coordenação do museu não tem recurso para manter o local livre dos insetos e do abandono.
O museu, único lugar lúdico do arquipélago, continua sendo independente e o único apoio que recebe é da Prefeitura de Cachoeira do Arari: quatro salários mínimos divididos entre quatro funcionários que fazem a limpeza e o atendimento. O vice-presidente do museu, Otaci Gemaque, 63, nativo do local, cuida do espaço desde a época do padre, mas diz que não sabe mais o que fazer. “Precisamos pagar as contas de água, luz e de manutenção, mas nós não temos de onde tirar”, declarou, preocupado.
SITUAÇÃO DIFÍCIL
A situação é preocupante, pois os anexos já não existem mais. As cabanas que abrigavam pessoas da comunidade que formavam a escola de música, de oficinas de pintura e corte-costura estão abandonadas e sem condições de uso. O vice-presidente disse que não teve como dar continuidade nos projetos sociais.
A arqueóloga Denise Schaan explica que o museu acumula um rico patrimônio cultural e arqueológico. “Há uma bela coleção de cerâmica marajoara e inúmeros objetos etnográficos que trazem lembranças e memórias sobre o passado, que podem ser utilizados para que as pessoas reflitam e discutam sobre sua própria história e para que se sintam parte dessa história”, disse.
Ela sugere que o governo dê ajuda. “O Estado precisaria destinar uma verba mensal e o Instituto de Museus do Iphan deveria olhar seriamente para as necessidades do Museu do Marajó e assessorar sua administração”.
RESPOSTA
Em nota enviada pela assessoria de comunicação da Secult, o secretário Paulo Chaves ressaltou que sempre que esteve à frente da Secult destinou recursos para o museu. Mas a secretaria, neste início de gestão, não possui recursos para reerguer o Museu do Marajó. Como ele está sob administração privada, o secretário aponta outras possibilidades de obtenção de recursos, como as leis Semear e Rouanet, além do Iphan. (Diário do Pará)