NOTÍCIAS DE PORTEL
23/03/2012
Portel
CARAVANA ATENDE VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO EM PORTEL
 

A Caravana Pro Paz Cidadania Presença Viva no município de Portel vem realizando um trabalho de prevenção a acidentes com escalpelamento, por meio da Comissão Estadual criada para erradicar esse tipo de acidente nos rios do Pará. Nesta quinta-feira (22), os técnicos da Comissão se reuniram com membros do Comitê Municipal de Erradicação aos Acidentes com Escalpelamento, visando reforçar as ações preventivas, o atendimento e a busca pelas vítimas.

Durante o encontro foram repassadas novas informações sobre o atendimento às vítimas oferecido pelo Programa de Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), realizado na Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém.

De acordo com a técnica da Comissão, Socorro Silva, coordenadora da ação do Comitê em Portel, o grande desafio é fazer com que as vítimas retornem ao tratamento, já que muitas desistem por falta de acesso ao Tratamento Fora de Domicílio (TFD), um benfício fornecido pelo município para os pacientes que precisam de tratamento fora da cidade de origem. “Muitas não conseguem o TFD e acabam desistindo do tratamento. Nosso trabalho é buscar essas pacientes, para que voltem ao tratamento na capital”, informou.

Foi em uma dessas buscas que o técnico da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde da Sespa, Marcus Lobato, integrante da caravana, conheceu a adolescente Neusa Sousa Reis, 18 anos. Ela sofreu o acidente em 26 de agosto de 2008, e perdeu 80% do couro cabeludo. A desistência do tratamento foi por falta de condições para ir à capital. “Eu cheguei a ser atendida, mas não tive como continuar o tratamento. Agora vou tentar mais uma vez”, disse Neusa.

Embarcações - O trabalho da Comissão também inclui a identificação e o registro das embarcações que navegam com o eixo do motor descoberto ou com cobertura inadequada. Um relatório será enviado à Capitania dos Portos, órgão responsável pela fiscalização e fornecimento da cobertura. Somente em Portel foram registradas mais de mil embarcações sem a proteção no eixo do motor. “Nosso próximo passo é firmar uma parceria com o órgão fiscalizador, para intensificar as ações de erradicação do escalpelamento na região do Marajó”, informou Marcus Lobato. 

O Marajó registra a maioria dos acidentes com escalpelamento no Pará. Em 2011, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Comissão Estadual de Erradicação aos Acidentes com Escalpelamento, registrou em todo o Estado oito acidentes envolvendo escalpelamento, dos quais sete foram em municípios do arquipélago marajoara. Só nos primeiros meses de 2012 já aconteceram três acidentes em Breves e Portel (no Marajó) e Oeiras do Pará, na região do Tocantins.

Durante a caravana em Portel, Marcilene Silva Reis, 14 anos, que sofreu o acidente quando ainda era criança (aos 5 anos), foi uma das atendidas. Vítima de escalpelamento total (perda do couro cabeludo), ela se prepara para a terceira cirurgia. Marcilene recebeu atendimento odontológico e oftalmológico, e fez exames de rotina. A vontade de se tornar médica surgiu após o acidente. Ao receber o atendimento, a adolescente disse que espera “poder ajudar outras meninas como eu”.

O tratamento das vítimas de escalpelamento é longo e doloroso. As intervenções cirúrgicas envolvem expansores de pele, para reparo de lesões, e preparo da área lesionada para enxerto. O resultado do tratamento é a recuperação da autoestima e a oportunidade de ter uma vida normal.

Outra conquista para as vítimas de escalpelamento é o benefício assistencial. Ano passado, os ministérios da Previdência Social e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com apoio da Defensoria Pública da União, assinaram um termo de cooperação técnica visando inserir vítimas de escalpelamento nos serviços socioassistenciais. (Agência Pará de Notícias)

COMUNICAÇÃO/AMAM
  
  
 
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