No Arquipélago do Marajó, o açaí é considerado uma espécie de símbolo, devido a sua importância econômica e gastronômica. Alimento essencial na mesa dos marajoaras, o açaí também é a fonte de renda de muitas famílias, que sobrevivem da coleta do fruto e da venda do açaí pronto para consumo. Foi para agregar valor a essa produção que a Diretoria de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), está acompanhando a Caravana Pro Paz Cidadania Presença Viva, levando aos municípios o Programa Estadual de Qualidade do Açaí, uma ação educativa que tem como principal objetivo oferecer a produtores e comerciantes de açaí orientações sobre o processamento adequado do fruto.
Nesta quarta-feira (2), mais de 30 batedores de açaí do município de Salvaterra participaram do curso oferecido pela Vigilância Sanitária, no qual foram apresentadas as técnicas e os processos usados para aumentar a qualidade do produto. Os participantes aprenderam todas as etapas de processamento do fruto, desde o peneiramento até a retirada da polpa, quando é extraído o suco do açaí.
De acordo com a nutricionista Dorileia Sena Pantoja Sales, coordenadora das ações de Vigilância Sanitária na Caravana Pro Paz, a maior resistência dos produtores é na etapa chamada de branqueamento ou “escaldamento” do fruto, quando os caroços são mergulhados em água quente, numa temperatura de 80°C, para eliminar as bactérias, e principalmente as contidas nas fezes do barbeiro, inseto transmissor da doença de chagas. “Daí a importância de fazer a manipulação necessária. Muitos pensam que essa etapa estraga o açaí, mas é um processo indispensável para manter a qualidade do produto”, explicou Dorileia Sales.
Teoria e prática - Os participantes do curso passaram por uma etapa teórica, aprendendo todas as fases de tratamento do açaí, que começa com o peneiramento, para a retirada de galhos e outras impurezas. Em seguida, o fruto é lavado, com os caroços mergulhados por 20 minutos em uma solução de água e hipoclorito de sódio. A terceira etapa é o branqueamento, e só então o fruto é batido na máquina.
Após a teoria, os alunos partiram para a aula prática. Malvina Maciel de Moraes, 57 anos, vende açaí há 12 anos na cidade. Ela nunca havia participado de uma “dinâmica tão importante”, segundo sua definição. “É muito bom e importante para quem trabalha com o açaí, porque hoje o consumidor está mais exigente. Gostei principalmente do tratamento contra o barbeiro, porque a gente sabe o quanto é perigoso”, disse Malvina.
As orientações sobre os cuidados com a higiene do local onde o açaí é manuseado também integram a capacitação. Os participantes recebem cartilhas com todas as etapas de processamento do produto e, ao final do curso, um kit com copo dosador, termômetro para medir a temperatura da água, avental, camisa e boné.
Charles Cássio Xavier Silva também é vendedor de açaí. Apesar de ter passado por outras capacitações, ele reconheceu a importância do trabalho realizado pela Vigilância em Saúde. “Isso melhora muito o rendimento do açaí. O freguês chega e pergunta logo se a gente tem filtro, e se a água é de boa qualidade. Temos que estar preparados”, ressaltou.
Fonte: Agência Pará de Notícias