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Variados - 28/08/2017 
CRISE FISCAL AFETA PREFEITURAS DO PARÁ.


Escolas e hospitais, além de ruas pavimentadas e iluminadas, são exemplos de investimentos que, por conta da crise fiscal, diminuíram de forma significativa nos municípios do Pará. Em 2016, em média, apenas 6,8% do orçamento das prefeituras foram destinados aos investimentos, o menor percentual em onze anos. Em comparação com o ano anterior, os municípios paraenses investiram 16,8% menos, mesmo sendo o último ano de mandato dos prefeitos, aquele em que geralmente são investidos, em média, 20% a mais do que nos três anos anteriores. Os dados são da nova edição do Índice FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado na última semana, pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), com base em dados oficiais declarados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

De acordo com a Federação, o objetivo do estudo é avaliar como são administrados os tributos pagos pela sociedade, já que as prefeituras são responsáveis por administrar um quarto da carga tributária brasileira, ou seja, mais de R$ 461 bilhões, um montante que supera o orçamento do setor público da Argentina e do Uruguai somados. O índice varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 melhor a situação fiscal do município. Cada um deles é classificado com conceitos A (Gestão de Excelência, com resultados superiores a 0,8 ponto), B (Boa Gestão, entre 0,8 e 0,6 ponto), C (Gestão em Dificuldade, entre 0,6 e 0,4 ponto) ou D (Gestão Crítica, inferiores a 0,4 ponto).

Desta forma, o estudo revela que 93,75% dos municípios analisados no Pará registram situação fiscal difícil ou crítica. Apenas nove apresentaram gestão boa (6,25%) e nenhuma em condição de excelência. Se não fosse a Lei da Repatriação, que destinou aos municípios paraenses quase R$ 200 milhões, o cenário seria ainda pior. O Sistema FIRJAN destaca que o quadro é tão grave que mais de 100 cidades estavam ilegais ao fim de 2016 por descumprirem alguma exigência das principais legislações sobre finanças públicas, principalmente a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Entre elas, 91 não declararam suas contas até a data limite prevista em lei e não puderam ser avaliadas no IFGF.

“Esse dado é tão preocupante quanto o elevado número de prefeituras paraenses que tiveram nota próxima a zero nessa avaliação da Firjan. Essa informação quer dizer que mais da metade das prefeituras paraenses não declararam as suas contas em 2016, ou seja, não informaram a sociedade, em geral, sobre as finanças do município. É o maior percentual dentre os Estados brasileiros. Na verdade, eles estão completamente fora da Lei, uma vez que eles são obrigados à declarar estas informações”, critica o economista Jonathas Goulart Costa, da Gerência de Economia e Estatística da Firjan. Nesse rol, a maioria são municípios do Marajó e do Nordeste paraense, mas também constam prefeituras de outras regiões do Estado, como Barcarena, Castanhal e Marituba, da Região Metropolitana; e Altamira e Itaituba, do Sudoeste, por exemplo.

De acordo com a Federação das Indústrias, um dos principais problemas dos municípios é o elevado comprometimento do orçamento com despesas obrigatórias, entre elas o pagamento do funcionalismo público. Em momentos de queda de receita, como o atual, essas obrigações dificultam a adequação das despesas à capacidade de arrecadação, deixando as contas extremamente expostas à conjuntura econômica. Com isso, os investimentos são muito afetados.

De acordo com o estudo, quatro em cada cinco municípios paraenses (87,5%) receberam conceito C (gestão em dificuldade) ou D (gestão crítica) no indicador de Investimentos. Isso significa que 126 cidades não investiram sequer 12% do orçamento. Dentre as prefeituras do Estado que prestaram contas e puderam ser avaliadas no IFGF, os piores quadros foram observados em Juruti (0,0198), Nova Ipixuna (0,0347), Tucumã (0,0710), Água Azul do Norte (0,0913) e Oriximiná (0,0980). Por outro lado, dois municípios alcançaram conceito A nesse indicador, com nota máxima (1,0000): Salinópolis e Dom Eliseu.

A Federação também ressalta que, diante de um orçamento cada vez mais engessado, as prefeituras têm postergado despesas para o ano seguinte para ajustar as contas. Em 2016, 16 prefeitos (30,18% dos que declararam suas contas) adotaram essa estratégia e não deixaram recursos em caixa para cobrir os restos a pagar, o que é proibido de acordo com a LRF. Por isso, essas cidades ficaram com nota zero (gestão crítica) no indicador de Liquidez do estudo. Em todo o País, 715 prefeitos (15,7%) tiveram a mesma postura e deixaram uma conta de mais de R$ 6,3 bilhões para os próximos gestores. O principal destaque nessa avaliação foi Tucumã, que foi o único município do Brasil a alcançar nota máxima.

No geral, o Pará figura sete vezes no rol das cem piores gestões fiscais do País. O caso mais alarmante é o do município de Óbidos, no Baixo Amazonas, em situação crítica, com 0,1095 pontos. No ranking nacional, a pior gestão municipal do Pará aparece como a quinta nota mais baixa do estudo. Moju, no nordeste paraense, e Juruti, no Baixo Amazonas, surgem na sequência, com a 31ª menor nota do País (0,1391) e a 35ª (0,1432), respectivamente.

Por outro lado, o município de Tucumã, no Sudeste do Pará, registrou a melhor colocação do Estado e a 19ª no ranking nacional, com IFGF de 0,7889 pontos. Esse índice também foi melhor entre todos municípios nortistas, superando, inclusive, Manaus (AM), que registrou a maior pontuação dentre todas as capitais brasileiras: 0,7651. Completam a lista das boas administrações paraenses, os municípios de Paragominas, com índice de 0,6977 ponto e 127º colocado no ranking nacional; Canaã dos Carajás, 0,6930 ponto e 140º lugar; Salinópolis, 0,6930 ponto e na 141º posição; e Dom Eliseu, 0,6874 e na 162ª posição. Belém (0,6010) aparece no 8º lugar do ranking estadual e 626º do nacional.

No País, os principais desempenhos foram dos municípios de Gavião Peixoto (0,9053), em São Paulo, e de São Gonçalo do Amarante (0,8753), no Ceará. Já um município paraibano e outro catarinense surgem na rabeira da lista nacional: Riachão do Bacamarte (0,0858) e Calmon (0,1022).

Fonte: O Liberal.

Comunicação/AMAM
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